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EDUCAÇÃO INFANTIL
29 Setembro 2020
Fisgada de leitura

             “Auto da Barca do Inferno” (Moderna, 2006, 38 páginas), apresentada pela primeira vez em 1517 e escrita pelo poeta, dramaturgo e teatrólogo português Gil Vicente, cuja vida pessoal e trajetória profissional permanecem em sigilo e indesvendáveis à maioria dos pesquisadores que se dedicam ao estudo de sua bibliografia, abrangendo desde o seu nascimento, no ano de 1465, em Guimaraes, Portugal, a sua carreira de sucesso na literatura e teatro portugueses, até sua morte, no ano de 1536, aos 71 anos de idade, na cidade de Évora, em Portugal. Esta resenha crítica tem por objetivo analisar imparcialmente, discutir e dar opiniões a respeito dos principais e mais importantes pontos da obra literária trabalhada, abordando o enredo, análise crítica e opinião profissional de estudiosos na área da literatura e do teatro.

            Em síntese, a produção teatral em questão apresenta narrativa ficcional e linguagem poética, trazendo a uso o tom mais lírico e subjetivo das palavras utilizadas em sua composição. O texto é organizado em cenas e o enredo apresentado logo de início pode causar certa confusão no leitor, visto que o tempo da obra é psicológico e levando em consideração que a história se inicia depois da morte das personagens, trazendo, logo após, fatos que acontecem antes da mesma. As personagens da obra chegam a um cais onde ficam situadas duas barcas, uma que vai em direção ao paraíso e outra em direção ao inferno. Chegando ao local, é feito o último julgamento de suas vidas, que tem por objetivo decidir o destino final de cada um dos indivíduos.

            As personagens apresentadas no desenrolar dos acontecimentos da obra foram: o Diabo (Barqueiro do Inferno), o Anjo (Barqueiro do Céu), o Fidalgo (enganador), o Onzeneiro (agiota), o Parvo (bobo), o Sapateiro, o Frade, a Florença (companheira do Frade), a Brísida Vaz (alcoviteira), o Judeu, o Corregedor, o Procurador, o Enforcado e os Quatro Cavaleiros (templários). Dentre estes citados anteriormente, apenas o Parvo e os Cavaleiros entraram na Barca que ia em direção ao Céu, todos os demais foram enviados ao inferno por consequência das atitudes tomadas em suas vidas passadas. Todos os que enviados ao mau lugar tinham em comum a arrogância, a hipocrisia, a enganação e a falsa religiosidade, características estas que remontam a crítica social feita por Gil Vicente à sociedade portuguesa da época.

            À minha concepção, a obra trabalhada em questão, apresenta grandiosíssima beleza poética e expressividade em seu enredo, capazes de entreter o leitor e de fisgar sua atenção. O livro “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, é uma bela produção da literatura clássica portuguesa do século XVI, capaz de nos fazer refletir sobre nossas ações enquanto humanos e de pensar a que rumo elas nos levarão. Recomendo que esta obra seja lida e apreciada por todos os públicos, mesmo que sua linguagem apresente certa subjetividade, algo característico em produções teatrais tradicionais como esta. Se me fosse dada a oportunidade de tecer uma única crítica, gostaria de ressaltar que certa confusão é causada pelo enredo logo de início, já que não traz consigo um contexto anterior que explique os acontecimentos abordados pela obra.

Daniel Cintra de Castro, aluno do 9º Ano “A”
 

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